quarta-feira, 17 de março de 2010

Uma em cada cinco mulheres dos 18 aos 64 anos tem infecção por HPV

Olá
Esta semana vou falar-vos das estatísticas em Portugal e no resto da Europa relativamente ao cancro da colo do útero.

Em Portuga, uma em cada cinco mulheres dos 18 aos 64 anos tem infecção por Papilomavírus Humano (HPV), responsável pelo cancro do colo do útero, revela o primeiro estudo nacional epidemiológico sobre a prevalência da infecção no país.

A prevalência global da infecção foi de 19,4 por cento, sendo que 14,8 por cento das mulheres apresentou infecções por HPV de alto risco, adianta a investigação do Grupo de Estudo Cleopatre, que desenvolveu o trabalho em parceria com o Instituto Nacional de Saúde (INSA).

O estudo, divulgado hoje na Reunião da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), observou que as mulheres entre os 20 e os 24 anos são as mais afectadas pelas infecções por HPV, sendo que a prevalência da infecção nesta faixa etária é de 28,8 por cento. No entanto, o vírus mostrou infectar mulheres de todas as idades, mesmo as de grupos etários mais elevados, nomeadamente entre os 40 e os 49 anos, com uma prevalência de cerca de 10 por cento.

“A infecção pelo vírus é máxima nas mulheres entre os 20 e os 25 anos, depois decai, para voltar a subir nas mulheres mais velhas”, disse à agência Lusa o coordenador do estudo e presidente da SPG. Carlos Oliveira adiantou que ficou demonstrado que “mulheres mais velhas, entre os 60 e os 65 anos, tinham um novo pico de incidência da infecção pelo vírus”. Perante estes dados, o presidente da SPG sublinhou que é preciso transmitir a mensagem de que, além das jovens, também as mulheres até aos 45 anos devem ser vacinadas.

Números na média europeia:

O estudo indica ainda que 36,6 por cento das mulheres infectadas apresentava infecções múltiplas: mais do que um tipo de HPV. “Essa infecção tanto pode ser com vírus de baixo risco, como por um vírus de alto risco, como pela associação dos dois”, explicou Carlos Oliveira. Segundo o ginecologista, os números obtidos no estudo estão dentro da média europeia. “Tem de transmitir-se à população a ideia de que a infecção por HPV pode ser evitada, mas o facto de uma mulher estar infectada não quer dizer que venha a ter uma lesão ou um cancro do colo do útero”.

Estima-se que actualmente haja no mundo 300 milhões de mulheres infectadas e meio milhão com cancro do colo do útero, elucidou. Carlos Oliveira defendeu a necessidade de se manter o rastreio do cancro do colo do útero: “É fundamental porque os efeitos da vacina só se vão verificar, a nível do cancro, dentro de 10 a 15 anos”. Por outro lado, acrescentou, a vacina não cobre todos os vírus de HPV e nem todas as mulheres se vacinam. “A mensagem é evitar as lesões com a vacina e prevenir o cancro com rastreio”.

O estudo teve como objectivos principais avaliar a prevalência global e estratificada por idades da infecção por HPV na população feminina de Portugal e avaliar a prevalência da infecção segundo os resultados da citologia (normal e anormal) nessas mulheres. O estudo decorreu entre Fevereiro de 2008 a Março de 2009 e envolveu 2326 mulheres, com idades entre os 18 e os 64 anos, em 10 centros de investigação distribuídos pelas cinco regiões de Saúde de Portugal Continental.

O Papilomavírus Humano é um agente infeccioso muito comum, estimando-se que 70 por cento das pessoas sexualmente activas tenham exposição ao HPV durante a sua vida, ocorrendo a maioria das infecções nos adultos jovens. A maioria das mulheres (cerca de 90 por cento) que são infectadas pelo HPV [que tem cerca de 200 tipos] conseguem eliminar a infecção.



Bom resto de semana!

Andreia